O Monte Moriá foi o monte escolhido por Deus, para Abraão sacrificar seu filho Isaque, a quem amava profunda e poderosamente.
O monte da caveira foi o monte em que Deus sacrificou seu Filho em nosso favor, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Para Isaque houve substituto, um cordeiro preso pelas galhadas em meio à vegetação, que apontava para um milênio de sacrifícios no tabernáculo e no Templo, (que alívio para Abraão, que alívio maior para Isaque).
Mas para Jesus não, Ele teve que ir até o fim, não havia animal por perto e mesmo que tivesse não seria suficiente o derramar do seu sangue para expiação dos pecados da humanidade.
A caminhada até o alto do monte realizada por Abraão e seu filho Isaque, foi cheia de suspense e dor, a aflição mostrou sua cara feia e convidou a angústia para acompanhá-la, ambas invadiram o coração de Abraão e se recusaram a sair dali.
À medida em que avançava monte acima, e a cada passo, ele olhava para seu filho Isaque de maneira terna e com milhões de perguntas para Deus. Ele não é o filho da promessa? Ele não foi tão ansiosamente esperado? Os céus falaram acerca do nascimento desse moço, ele é meu filho tão desejado e amado. Porque esse pedido inusitado?
Em paralelo, imagino o Pai, caminhando lado a lado com Jesus em direção ao Gólgota, seu coração apertado, vendo o Filho com a carne macerada e destruída pelos açoites.
Vejo o Pai apreensivo com a reação do Filho em meio àquela multidão de pessoas, em meio aos seus algozes, em meio aos soldados que escarneciam do seu garoto, aquele garoto que ao vir ao mundo provocou uma reação de alegria nos céus, a ponto de um coral de anjos serem vistos adorando o todo poderoso num ato de suprema alegria e exaltação.
Aquele garoto que cresceu em Nazaré, tão meigo, tão frágil, tão sereno, pacifico e moderado, amando mesmo sendo odiado, compreendendo mesmo sendo incompreendido. O pai contempla o filho e seu coração está apertado.
O monte da caveira é infame, e ali ocorre algo incomum, o autor da vida vai morrer, o criador do universo será contemplado pelos astros e estrelas como um ser frágil e desprotegido, de tão constrangido o próprio sol esconderá sua face diante de uma imagem tão perturbadora.
Isaque saiu com vida, desceu aquele monte feliz e sorridente. Jesus não descerá o monte com vida, ele vai morrer, ele veio para isso, para cumprir as escrituras, mas isso não significa que não haja pranto no universo, cada anjo naquele momento derrama uma lágrima diante da cena grotesca, o Pai se incomoda, se entristece, fica cabisbaixo ante a dor e agonia do Filho, Ele tenta se aproximar, mas a justiça o detém, a justiça afirma que o pecado faz separação entre Deus e o homem, Deus está impassível, inerte, sofrendo ao ver o estado do filho.
Dois momentos, dois montes, dois cenários, dois filhos, dois pais, dois desdobramentos, dois resultados, mas um só impacto profundo e sobrenatural no universo. A calamidade do Jardim do Éden, foi suplantada, pela rendição do Filho de Deus na cruz provocando uma alteração no mundo espiritual.
Homens escravos se tornaram livres
Homens destinados a perdição eterna, vislumbraram a luz poderosa do Evangelho na eternidade
Homens pobres, se tornaram ricos ao herdar o reino dos céus
Homens tristes, foram tomados de uma alegria sem igual
Homens sem esperança, foram assaltados pela fé
Homens humildes e sem importância, se sentaram em tronos de príncipes
Homens destinados à morte, se encontraram com a vida
Homens desprezados, compreenderam que eram profundamente amados
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